1.11.16

Trocando em Miúdos




Então tá, vamos tratar do assunto, do meu assunto! Sou assim bem claro, pode me seguir, pode ver o que estou falando. Anote aí. Sim, anote. Porque hoje o que penso tem embasamento em uma grande quantidade de informações, de muita leitura. Que tipo de leitura? De todo tipo, até cristã. Então anote aí. Porque daqui a quinze anos você poderá confrontar todas as informações e ver que continuo o mesmo. Ou será que a leitura pode me fazer alguém melhor? Sim. Às vezes temo que ela possa me matar. Eu mergulho em tantos caráteres, admiro todos eles, uns maus e outros que desejo trazê-los para dentro de mim, mas são justo esses o meu confronto. Estão a léguas do que vi em meu pai, em meu avô, estão a léguas da minha realidade. Mas naqueles papéis tudo é tão forte, em minhas anotações estão fáceis. Por que não consigo tangibilizá-los dentro de mim? Consigo?

A minha cabeça monta um homem que enxerga à frente de todos, com princípios iguais aos da letra, tudo verdade dentro de mim. Forte e digno de ser seguido, admirado. Luto para este homem tomar forma, mas quando meu conhecimento e meu caráter se fundem, fico confuso se estou formando o homem certo, aquele que em quinze anos estará intacto em seus princípios. Sinto agora minha cabeça ficando bem menor, pois estou olhando as propostas que partem ao meio este homem poderoso que desenhei ser. Eu sei que sou inteligente, preciso dizer não ao meu imediato, para projetar um princípio talvez maior para mim, ou um príncipe maior em mim. Não sei se estarei vivo amanhã, então é melhor ceder...

Mas o que eles querem? Que história é essa de cabecinha? Eu leio, eu aprendo fácil, sei me relacionar bem, consegui chegar aqui e só. Ninguém me ajudou em nada, foram só críticas. Mão amiga? Amigos? Eu quero me guardar agora e sair por aí decidindo o melhor para o momento, pode ser que dê certo. Se bem que Shakespeare não deixava nada dar certo. Acho Shakespeare um pouco exagerado e acho Tolstói bobo, infantil. Quer saber? Vou ler a bíblia, não quero seguir nem um, nem outro. Quero ser eu. Mas me dizer que sou cabecinha? Vocês são primitivos. Leiam mais...

Acho que me perdi. Não quero ser tão rude e cheio de mim. Só quero aprender, tenho sede por conhecimento. Preciso me remontar, me reconstruir para que, daqui aos quinze anos, minha trajetória seja digna de reconhecimento e os meus pés estejam firmes o suficiente ao ponto de quando eu andar minhas pegadas desenhem no chão a palavra PRINCÍPIO.

Trocando em miúdos: não quero ser cabecinha.

- Luciana Freire Ribeiro

No comments:

Post a Comment