17.8.16

Syd Barret: O Diamante Louco

Uma mente louca e brilhante foi a responsável por uma das maiores obras da história da música. Syd Barret com certeza contribuiu com sua arte como guitarrista, vocalista, compositor, produtor e pintor, mas acima de tudo, sua loucura foi o norte da bússola do Pink Floyd como conhecemos hoje. A genialidade de Gilmour, Waters, Mason e Wright foram de extrema importância para traduzir a experiência que Barret acabou vivendo de uma forma profunda demais. O diamante louco continuou brilhando, afinal.



Roger Keith Barret, ou apenas Syd Barret, como era e é conhecido até hoje pelos amantes da boa música, foi um excelente cantor, guitarrista, pintor e produtor, mas acima de tudo seu maior talento e contribuição para o mundo da música foi também o que o destruiu: sua própria vida. Sua loucura transformada em inspiração, moldaram aquele experimento audacioso e perigoso que se perpetuou em nossos cases e estantes chamado Pink Floyd.

Imagino que o choque das artes de Barret o transformaram no músico mais visionário e brilhante de todos os tempos. Um verdadeiro norte na bússola de Waters e Gilmour. Sua loucura brilhou em nossos ouvidos, transformando a música em cores, imagens e épocas. Como um diamante que vai de encontro a luz projetando-a em milhares de direções. Como o prisma na capa de Darkside Of The Moon. Aquela capa é o retrato de Barret!

Por mais que os dois precoces anos que permaneceu na formação da banda pareçam insignificantes diante a história que o Floyd faria nos próximos anos, foram graças a esses dois míseros e mal aproveitados anos que a escrita de Waters e Gilmour encontraram os segredos que perturbavam a insana e cansada mente de Syd. Quando ouço (e assisto) o DVD Live At Pompeii, fazer uma analogia é inevitável: a mente de Barret sendo esmagada pelo Vesúvio cósmico, épico e espiritual que era a proposta do Floyd. Sou transportado àquela cidadela imediatamente e posso senti-la ruindo a cada acorde.




O Tea Set, nome do primeiro ensaio de formação que originou o Pink Floyd, nunca foi suficiente para a grandeza da loucura que destruía a mente de Barret. Ele próprio não seria capaz de traduzir através da música de uma forma tão grandiosa o que o deixava por vezes estático no palco, olhando para um ponto fixo e tocando um único acorde em sua guitarra. Os expectadores, aqueles que viviam na terceira pessoa a loucura de Syd, não fizeram nada além de falar tudo o que viram, ouviram, sentiram e descobriram através de sua vida. Muitas pessoas falam muita coisa sobre Syd Barret. Que a lisergia o destruiu por completo. Que ele ‘obteve muito conhecimento de uma só vez’, como disse David Gilmour uma vez. Dizem coisas boas e coisas ruins. Eu só sei de uma coisa, depois da loucura de Barret tivemos: Meddle, Darkside Of The Moon, Wish You Were Here e a obra máxima, explícita e descritiva da vida de Barret, Shine On You Crazy Diamond. Cada acorde dos solos de Gilmour fala sobre ele. Cada uma das nove partes da música gritam pelo seu nome e dizem: ‘Se lembra como você brilhava? Brilhava como o sol! Brilhe, brilhe! Apenas brilhe.’



O Pink Floyd gera em nós uma estranha sensação de que a banda nunca acabou nem nunca mais vai acabar. Não sei se pelo fato de seus integrantes partirem com glória, aos poucos. Não sei se pelo ativismo humanista de Roger Waters hoje, ou pela mansidão de Lorde Gilmour. Não sei se por sua obra ser como Syd, um ‘diamante louco’, resistente, infinito. Talvez pela força da música dos caras em si, algo que não parece pertencer a este mundo.

Enquanto houver um pouco da loucura de Barret, sua obra, onde quer que seja reproduzida e da forma como for, saberemos que um dia brilhou o diamante louco.

Erick Freire.

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