Hoje estou me sentindo como na música de Sá, Rodrix e Guarabyra:
“Nada no passado, Tudo no futuro,
Espalhando o que já está morto, Pro que é vivo crescer,
Sob a luz da lua, Mesmo com sol claro,
Não importa o preço que eu pague, O meu negócio é viver.”
(Sá, Rodrix e Guarabyra - Jesus numa moto, 2000)
Em três décadas, vivi 3 dias diferentes.
No primeiro dia, era eu a viola e Deus. Metáfora pra o propósito de viver para cultivar, crescer, obedecer papai e mamãe, colorir e descobrir que a vida não acaba nunca.
No segundo dia, começou algo meio bossa nova e terminou meio que rock’n’roll. Ganhei alguns anos a menos de vida e um milhão de certezas.
No terceiro e mais longo dia, tive muitas dúvidas sobre a vida e nenhuma sobreviveu para contar história.
Consegue imaginar Jesus numa moto? Pois é. Eu também!
Sem metáforas: temos pouca coragem de fazer diferente.
E com 30 anos agora, queria mesmo era ser Jesus numa moto.
“Jesus numa moto” é o legado de um homem que usa bota, jaqueta, luvas desgastadas, camiseta branca suja de poeira, barba por fazer, cabelo com cheiro de suor, desgrenhado pelo capacete que aperta a cabeça, calça jeans rasgada de tanto usar, que por trás de tudo isso é pai, pastor, irmão, marido, chora de noite, dorme rápido e acorda fácil. É professor, é aluno. Mas quem olha de longe vê e pensa: “Não passa de um marginal!”
Exatamente, um marginal. Assim como Jesus, numa moto.
“Jesus numa moto” é sentimento de se perder pra se encontrar. Se perder numa estrada perigosa e nada promissora por aí afim de encontrar a vida que vale a pena viver. Não é isso que fazemos?
“Jesus numa moto” é chegar aos trinta anos, maduro. Maduro a ponto de viver duas vidas tão diferentes. Em uma delas, aquela com luvas, jaqueta, capacete e moto, ser feliz integralmente. Na outra, esperar chegar a hora de trocar de roupa e colocar a camisa branca suja de poeira.
Não tenho a moto, nem as luvas, nem o capacete ou a jaqueta. Menos ainda a moto.
Também não sou Jesus.
Mas sou Erick, pai, marido, filho, pastor, irmão, professor e aluno. Já aprendi a andar a segunda milha com mais alegria. Já aprendi a alegria de poder cear com John Lennon, Bob Dylan e Classius Clay. Também já meti um ‘Marlon Brando’ nas ideias e saí por aí. E principalmente, aprendi a uivar numa nova alcatéia. Preso nessa cela de ossos, carne e sangue. No final, espero ansiosamente a hora em que o mundo estanque, pra me aproveitar do conforto de não ser mais ninguém.
Obrigado, Jesus.
Foram emocionantes os últimos trinta anos na estrada de moto com você.
E olha que ainda tem chão.
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